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Canabidiol Vicia? Desmistificando o Uso de CBD

Cbd vicia
A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que o CBD não parece ter potencial para abuso ou causar danos

Uma das preocupações mais comuns quando se considera o uso de Canabidiol (CBD) é o potencial para vício ou dependência química. Dada a sua origem na planta Cannabis sativa, frequentemente associada ao uso recreativo e à dependência de THC, é natural que surjam questionamentos sobre a segurança do CBD nesse aspecto. Como especialista no estudo do Canabidiol, meu objetivo neste artigo é desmistificar essa questão, explorando as evidências científicas disponíveis para esclarecer se o CBD causa ou não dependência química.

Compreender a diferença entre o CBD e o THC (tetrahidrocanabinol), o principal componente psicoativo da Cannabis, é crucial para responder a essa pergunta. Enquanto o THC é conhecido por seus efeitos psicoativos e potencial de dependência, o CBD possui uma estrutura química diferente e interage com o organismo de maneira distinta. Ao longo deste artigo, analisaremos como o CBD atua no cérebro e no sistema nervoso, comparando seus efeitos com os de substâncias viciantes e apresentando as conclusões da pesquisa científica sobre o seu potencial de causar dependência.

O Que é CBD?

O Canabidiol (CBD) é um dos mais de cem compostos químicos conhecidos como canabinoides encontrados na planta Cannabis sativa. Diferentemente do THC, o CBD não é psicoativo, o que significa que não altera o estado mental ou causa a sensação de “euforia” associada ao consumo de maconha. O CBD é obtido através da extração da planta de cânhamo, uma variedade de Cannabis com baixíssimos níveis de THC. Após a extração, o CBD pode ser isolado ou utilizado em extratos de espectro completo ou amplo, dependendo do produto final desejado.  

A estrutura molecular do CBD difere significativamente da do THC, o que explica suas diferentes interações com o sistema endocanabinoide (SEC) do corpo humano. Enquanto o THC se liga diretamente aos receptores CB1 no cérebro, o CBD tem uma afinidade muito baixa por esses receptores e pode, na verdade, modular sua atividade indiretamente. Essa diferença fundamental na forma como interagem com o SEC é uma das razões pelas quais o CBD não produz os efeitos psicoativos e o potencial de dependência associados ao THC.

Para Que Serve o Canabidiol?

O Canabidiol tem demonstrado um amplo leque de aplicações terapêuticas, sendo objeto de intensa pesquisa científica. Estudos clínicos e pré-clínicos sugerem que o CBD pode ser eficaz no tratamento de certas formas de epilepsia refratária, como a Síndrome de Dravet e a Síndrome de Lennox-Gastaut (Devinsky et al., 2017). Além disso, o CBD tem mostrado potencial no alívio de transtornos de ansiedade, incluindo ansiedade social e transtorno de estresse pós-traumático (Blessing et al., 2015).

Outras áreas de investigação incluem o uso do CBD no manejo da dor crônica, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas (Vučković et al., 2018), no tratamento de sintomas associados à esclerose múltipla e até mesmo como um possível auxiliar em algumas condições psiquiátricas. A versatilidade do CBD como agente terapêutico reside em sua capacidade de interagir com diversos sistemas do corpo, incluindo o SEC, o sistema nervoso e o sistema imunológico, sem produzir os efeitos colaterais significativos e o potencial de dependência de muitas outras medicações.

Benefícios Comprovados do Canabidiol

Um dos benefícios mais significativos do Canabidiol é o seu perfil de segurança favorável, especialmente em relação ao potencial de dependência. Diversos estudos e revisões sistemáticas concluíram que o CBD não causa dependência química. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em um relatório de 2017, afirmou que “o CBD não parece ter potencial para abuso ou causar danos” e que “não há evidências de problemas relacionados à saúde pública associados ao uso de CBD puro”.

Essa ausência de potencial de dependência é um fator crucial que diferencia o CBD de muitas outras substâncias terapêuticas, especialmente aquelas utilizadas para tratar dor e ansiedade, que frequentemente carregam um risco significativo de dependência. A capacidade do CBD de oferecer alívio para diversas condições sem esse risco representa uma vantagem significativa para pacientes e profissionais de saúde.

Exemplos de Uso do CBD

Na prática clínica, pacientes que utilizam o CBD para controlar crises epilépticas, aliviar a ansiedade ou manejar a dor crônica não desenvolvem comportamentos de busca compulsiva pela substância, nem apresentam sintomas de abstinência ao interromper o uso, características marcantes da dependência química. Por exemplo, crianças com epilepsia refratária que utilizam medicamentos à base de CBD por longos períodos não mostram sinais de dependência.

Adultos que utilizam o CBD para auxiliar no manejo da ansiedade relatam melhora dos sintomas sem a necessidade de aumentar progressivamente a dose para obter o mesmo efeito (tolerância), outro sinal comum de substâncias com potencial de dependência. Da mesma forma, pacientes com dor crônica que utilizam o CBD como parte de seu tratamento não demonstram comportamentos aditivos em relação ao composto. Esses exemplos práticos reforçam a evidência científica de que o CBD não causa dependência química.

Como o Canabidiol Funciona no Organismo?

Tecnicamente, o Canabidiol interage com o sistema endocanabinoide (SEC) de uma maneira que não leva à dependência. O SEC é composto por receptores (CB1 e CB2), endocanabinoides (como a anandamida e o 2-AG) e enzimas que os sintetizam e degradam. O THC causa seus efeitos psicoativos e potencial de dependência ao se ligar diretamente aos receptores CB1 no cérebro, ativando o sistema de recompensa dopaminérgico, um mecanismo central no desenvolvimento da dependência.

O CBD, por outro lado, tem uma baixa afinidade pelos receptores CB1 e pode até mesmo atuar como um modulador alostérico negativo desses receptores, reduzindo os efeitos do THC quando ambos estão presentes. Em vez de se ligar diretamente aos receptores canabinoides, o CBD influencia o SEC indiretamente, afetando enzimas e a disponibilidade de endocanabinoides. Por exemplo, o CBD pode inibir a enzima FAAH, que degrada a anandamida, levando a níveis mais elevados desse endocanabinoide no organismo, o que pode contribuir para seus efeitos terapêuticos sem ativar diretamente as vias de recompensa associadas à dependência.

Além disso, o CBD interage com outros sistemas de neurotransmissores, como o sistema serotoninérgico (envolvido na regulação do humor e da ansiedade) e o sistema vaniloide (envolvido na percepção da dor), sem os mecanismos de ação que levam à dependência química. A ausência de ativação direta do sistema de recompensa dopaminérgico pelo CBD é um fator chave para a sua falta de potencial de dependência.

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Tipos de Produtos de Canabidiol

O Canabidiol está disponível em uma variedade de produtos, cada um com diferentes formas de administração e concentrações, mas nenhum deles apresenta risco de dependência química:

  • Óleos e Tinturas: Líquidos para administração sublingual.
  • Cápsulas e Comprimidos: Para ingestão oral.
  • Edíveis: Gomas, chocolates, etc., para consumo oral.
  • Vaporizadores (Vapes): Para inalação.
  • Tópicos: Cremes, pomadas, loções para aplicação na pele.
  • Isolado de CBD (Pó): CBD puro para diversas aplicações.

As diferenças entre as diversas formas de uso do CBD residem principalmente na velocidade de absorção e na biodisponibilidade, mas nenhuma dessas vias de administração induz dependência química. A administração sublingual e por inalação tendem a ter um início de ação mais rápido, enquanto a ingestão oral (cápsulas, edíveis) tem uma absorção mais lenta devido ao metabolismo hepático. Os tópicos têm ação localizada com mínima absorção sistêmica.

Independentemente da forma de uso, o mecanismo de ação do CBD no organismo não envolve a ativação direta do sistema de recompensa dopaminérgico da mesma forma que substâncias viciantes o fazem. A ausência desse mecanismo é fundamental para a compreensão de por que o CBD não causa dependência. Mesmo o uso regular e prolongado de CBD não leva ao comportamento compulsivo de busca pela substância ou aos sintomas de abstinência característicos da dependência química.

Usar CBD Vicia?

É de suma importância desmistificar a crença de que o CBD pode causar vício, especialmente considerando o seu crescente potencial terapêutico. A associação equivocada com a maconha e o medo da dependência podem impedir que pacientes se beneficiem de um composto que pode aliviar seus sintomas sem os riscos de dependência de outras medicações. A informação clara e baseada em evidências científicas é essencial para que indivíduos e profissionais de saúde possam tomar decisões informadas sobre o uso do CBD.

A segurança do CBD em relação à dependência é um dos seus maiores trunfos terapêuticos. Ao contrário de muitos analgésicos opioides ou ansiolíticos benzodiazepínicos, que carregam um risco significativo de dependência, o CBD oferece uma alternativa com um perfil de segurança muito mais favorável nesse aspecto. Promover a compreensão correta sobre o CBD pode abrir portas para tratamentos mais seguros e eficazes para uma variedade de condições.

Conclusão

Em conclusão, as evidências científicas disponíveis indicam consistentemente que o Canabidiol (CBD) não causa dependência química. Seu mecanismo de ação no organismo difere fundamentalmente do de substâncias viciantes, não ativando diretamente o sistema de recompensa dopaminérgico. A Organização Mundial da Saúde e diversos estudos clínicos corroboram essa conclusão. O CBD oferece um perfil de segurança promissor, permitindo que seus potenciais benefícios terapêuticos sejam explorados sem o risco de dependência.

Para obter informações mais detalhadas sobre os alertas e cuidados ao usar Canabidiol (especialmente em relação a interações medicamentosas), descobrir as melhores opções de produtos disponíveis, saber quando o uso é mais indicado para diferentes condições, revelar quanto custa (e como encontrar opções acessíveis) e indicar onde encontrar produtos de qualidade, continue acompanhando nosso blog. Nos próximos artigos, exploraremos esses temas cruciais para complementar seu conhecimento sobre o universo do Canabidiol e seu uso seguro e eficaz.

Fontes: